domingo, 27 de dezembro de 2009

Todos escondem

_ O céu é bonito de noite.
_ Por que?
_ Porque a noite o sol arruma um esconderijo na escuridão.

(Silêncio)

_ Aliás, o céu não é mais bonito de noite.
_ Por que não é mais?
_ Porque o sol se esconde em você agora.



Preciso...

De uma noite estrelada. Uma brisa. Um vinho para matar a sede e molhar os lábios. E um tango para me fazer dançar e esquecer que sou apenas uma carcaça ao léu. Esquecer em cada som de sapateado ressoar ao meu ouvido esse vazio que meu coração tanto se conforta. Colocar em cada toque de pele o amor que tanto se distanciou de mim. Sentir somente o pulsar do ritmo no meu corpo.

O Pequeno Príncipe e a Raposa

E foi então que apareceu a raposa.
__ Bom dia - disse a raposa.
__ Bom dia - respondeu educadamente o pequeno príncipe, que , olhando a sua volta, nada viu.
__ Eu estou aqui - disse a voz, debaixo da macieira...
__ Quem és tu? - perguntou o principezinho. __ Tu es bem bonita...
__ Sou uma raposa - disse a raposa.
__ Vem brincar comigo - propôs ele. __ Estou tão triste...
__ Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. __ Não me cativaram ainda.
__ Ah! desculpa - disse o principezinho.
Mas após refletir, acrescentou:
__ O que quer dizer "cativar"?
__ Tu não és daqui - disse a raposa. __ Que procuras?
__ Procuro homens - disse o pequeno príncipe. __ Que quer dizer "cativar"?
__ Os homens - disse a raposa - têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
__ Não - disse o príncipe. __ Eu procuro amigos. __ Que quer dizer "cativar"?
__ É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. __ Significa "criar laços"...
__ Criar laços?
__ Exatamente - disse a raposa. __ Tu não és nada para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E Não tenho necessidade de ti. E tu também não tem necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. Eu serei para ti única no mundo...
__ Começo a compreender - disse o pequeno príncipe. __ Existe uma flôr... eu creio que ela me cativou...
__ É possível - disse a raposa. __ Vê-se tanta coisa na Terra...
__ Oh! não foi na Terra - disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
__ Num outro planeta?
__ Sim.
__ Há caçadores nesse outro planeta?
__ Não.
__ Que bom! E galinhas?
__ Também não
__ Nada é perfeito - suspirou a raposa.
Mas a raposa retornou a seu raciocínio.
__ Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também. E isso me incomoda um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... A raposa calou-se e observou por muito tempo o príncipe:
__ Por favor... cativa-me! -disse ela.
__ Eu até gostaria -disse o principezinho -, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
__ A gente só conhece bem as coisas que cativou -disse a raposa. __ Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
__ O que é preciso fazer? -perguntou o pequeno príncipe.
__ É preciso ser paciente -respondeu a raposa. __ Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. E te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
No dia seguinte o príncipe voltou.
__ Teria sido melhor se voltasses à mesma hora -disse a raposa. __ Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar meu coração... É preciso que haja um ritual.
__ Que é um "ritual"? -perguntou o principezinho.
__ É uma coisa muito esquecida também -disse a raposa. __ É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, adoram um ritual. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira é então o dia maravilhoso! Vou passear até à vinha. Se os caçadores dançassem em qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu nunca teria férias!

Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
__ Ah! Eu vou chorar.
__ A culpa é tua -disse o principezinho. __ Eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
__ Quis -disse a raposa.
__ Mas tu vais chorar! -disse ele.
__ Vou - disse a raposa.
__ Então não terás ganho nada!
__ Terei, sim - disse a raposa __ por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
__ Vai rever as rosas. Assim, compreenderá que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te presentearei com um segredo.

O pequeno príncipe foi rever as rosas:
__ Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativaste ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu a tornei minha amiga. Agora ela é única no mundo.
E as rosas ficaram desapontadas.
__ Sóis belas, mas vazias -continuou ele. __Não se pode morrer por vós. Um passante qualquer sem dúvida pensaria que a minha rosa se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mas importante que todas vós, pois foi ela quem eu reguei. Foi ela quem pus sob a redoma. Foi ela quem abriguei com o pára-vento. Foi nela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi ela quem eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. Já que ela é a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:
__ Adeus... -disse ele.
__ Adeus -disse a raposa. __ Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
__ O essencial é invisível aos olhos -repetiu o principezinho, para não esquecer.
__ Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.
__ Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... -repetiu ele, para não esquecer.
__ Os homens esqueceram essa verdade -disse ainda a raposa. __ Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...
__ Eu sou responsável pela minha rosa... -repetiu o principezinho, para não esquecer.

Aniversário do Meu videotape

Esse mês o blog Meu Videotape completa 1 ano, gostaria de agradecer a todos vocês que com comentários, crescentes visitas e bons números de seguidores, me motivaram a nunca esquecer de vir aqui e postar algo.

Obrigada e boas festas!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Um afeto na beira da estrada


A menina-mulher olhava para ele de um modo enfeitiçado, o homem-menino retribuía o olhar.
A menina-mulher soltava sorrisos que continham mais que a alegria e isso era explícito, o homem-menino percebeu e logo... deixou transparecer o que havia nele também.
A menina-mulher chegou perto dele, o homem-menino logo cedeu.
E sabe o que se viu nesse momento para os ali presentes? Não só um sentimento bom, algo mais raro, o respeito.

Ele tem filhos, ela ainda é uma moça.
Ele tem uma outra mulher, ela se contenta em apenas vê-lo.
Eles sonham em estar juntos talvez em outra vida...
Enquanto isso, ele a cativa com piadas, ela rir para encantá-lo.

Ofereço a Caroline Mesquita.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um beijo secreto.
Uma declaração inesperada.
Uma ligação no meio da noite.
A dança que faz suar.
Uma flor dada.
Uma aposta.
Uma corrida.
De noite no centro da cidade a procura de uma lanchonete.
Ruas vivas de dia, mortas a noite.
Subir na árvore.
Cair.
Guardar um guardanapo.
Caneta nova.
Dor nas costas.
Conselhos de mãe.
O sonho que pede para não acordar.
Café das 18horas.
O banco da janela no ônibus.
A música que move os ossos.
Ganhar chocolate.
Minha origem, minha trilha é a felicidade.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Penso: quando você não tem amor, você ainda tem as estradas.
caio f
O orkut tem razão: Os dias são longos, os anos são curtos. Dois mil e nove está acabando, um ano especial, um ano cheio de conquistas, um ano sem igual. Hoje encostei a cabeça na janela do ônibus e pensei o quanto eu amo minha família, meus amigos, minha vida e você. Agradeci a Deus por tudo e bola para frente.

Conversa de menina boba

- De quem tu gostas, Elza?
- Ninguém, acho que ninguém mesmo.
- Nossa, que coisa! Tens que parar de ser assim.
- Sim, tenho que parar.
- Não gostas de ninguém mesmo?
- Não, não sou apaixonada por ninguém se é isso que tu queres saber.
- Como nós somos diferentes! Eu gosto de um a cada semana. Vivo apaixonada! Mas acho que sei porque tu és assim.
- Também vivo apaixonada, mocinha, mas não por meninos e sim, pela vida. Entendo, então, por que sou assim?
- Porque quando tu amas, tu não esqueces. Tu amas muito. Um amor raro.
- Deve ser...

As cortinas do céu abriram naquela noite, as estrelas pareciam movimentos de bailarina, as nuvens pareciam lençóis e o grande holofote, a lua, parecia uma pérola gigante, um diamante cortado pelo sol. Oh! Bela lua, como você estava romântica, caprichou no brilho para chamar a atenção do seu amor... Pobre lua, você se fez igual a mim.

sábado, 21 de novembro de 2009

Agora beijas a sua verdadeira flor.



Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor. Cazuza


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Tenho sede de você.


Me dá a tua boca.
Me traz da noite toda
Um pouco de emoção
Atira no meu coração.
Me diz versos à toa.
Me traz da sua rua
Um pouco, um coração.
Me tira dessa solidão.
Curumin

Já sei, boy, como a gente acaba.

Tu brilhas feito uma estrela cadente riscando uma madrugada roxa.
Segure com atenção meu coração, deixe eu sentir por alguns instantes o calor das tuas mãos. Tu irás soltá-lo, mas peço que não o deixe cair, o resto da história eu já sei.

Vem.


É preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates... Apague minhas interrogações. Por que estamos tão perto e tão longe? Quero acabar com as leis da física, dois corpos ocuparem o mesmo lugar! Não nego. Tenho um grande medo de ser sozinha.
Não sou pedaço. Mas não me basto.
Caio F.
Aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, e mesmo assim insisto.
Caio F.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Turvo.

Não, não posso fugir com você. Impacta feito uma bofetada, mas não posso ir. Devo ficar aqui, estou trancada aqui, estou feliz aqui. Posso acompanhá-lo até a rodoviária e quando o ônibus estiver dobrando para mergulhar nessas estradas, eu te acenarei, se isso vai doer eu não sei. Talvez eu até sinta alívio e um pouco de saudade. Você não tem nada a me oferecer além de uma boa troca de palavras, se fosse algo forte, um sentimento incontrolável seria algo diferente, talvez eu até chorasse. Mas no fundo, esse impedimento não me fere e não te fere.
Adiós.

domingo, 15 de novembro de 2009

Ela-está-por-perto.

Eu não consigo ver o brilho do sol.
Eu estarei te esperando, baby. Porque sou verdadeiro.
Sente-me.
Cale-me.
Eu me acalmarei.
E ficarei com você.
The strokes.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Desdita.

Foto tirada do quinto andar, com um belo pôr-do-sol. Deixe a luz entrar.
Ela ficou serena e estática na frente do espelho, parecia uma boneca vazia, olhava fixamente para os próprios olhos, olhos tão escuros que com um pouco de lágrimas guardadas neles parecia um pântano que seduz para o fundo. Ninguém soube o porquê ela pensara tanto, o porquê de tanto silêncio. Ela é o mistério que nunca será desvendado. Temê-la e entristecê-la seria um modo de prendê-la para ela nunca mostrar sua imensidão. Mas não se prende por muito tempo o que se tem asas, um dia ela voa.

domingo, 8 de novembro de 2009

E é uma bagunça doida que ele me faz.

Um amor de Oiapoque ao Chuí.

Leonardo, Rio Grande do Sul, Gravataí.
Ele me mandou esse poema hoje e fez meus olhos brilharem na frente de um monitor, aliás, sempre faz quando me enche de mimos e me faz rir. Não resisto a sua ternura, me enche de luz. Contamos segredos bizarros, fazemos piadas, fazemos planos... Ah, esses planos! Leo, agradeço por me cativar assim, desse jeito tão doce que me deixa hipnotizada. Você me ensinou que a distância é só um detalhe. E um dia a gente se encontra, certo? Porque eu te amo.
Baby, eu só queria te ver hoje, ver os seus olhos, sentir o calor intenso das suas mãos. (...)
Baby, eu queria ir nesse avião. (...) Baby, eu queria te beijar de novo, sentir seus lábios e o sabor da sua respiração. (...) Baby, eu queria ficar com você, para sempre ficar do seu lado, ser seu amor eterno sua paixão. Baby, eu só queria te dar a mão.
P.S.: Você é o melhor namorado. <3

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Le pont

Eu vejo a vida de baixo
No passo da construção
Da ponte.
O rio com pressa e
Eu sinto que minha vida é estranha,
Distante.

A memória é quase real.
Eu me pergunto onde você está?
Você não está mais aqui.

Os sonhos me dão
Vontade de te ver aqui.
Se isso é bom?
Se isso é mal?
Eu não me importo.
Tiê

Pílulas pupilas.


Baby - Você não me entende porquê você nos divide em dois: eu e você. Não existe divisão. Eu não sou só eu. Eu sou também você e todos os outros, e todas as coisas que eu vejo. Você não me entende porque você nunca me olhou. Olhe firme no meu olho, me encara fundo. A gente consegue conhecer alguém ou alguma coisa quando olha para ela bem de frente, cara a cara. Me diz o que você está vendo no fundo das minhas pupilas?


Leo - No fundo das tuas pupilas eu vejo meu próprio rosto.


Baby - E no fundo das suas pupilas eu vejo meu próprio rosto. Quando eu olho no seu olho eu sou você e você é eu. Se você tiver medo de mim é porque você tem medo de você. Me diga agora, outra vez. Você tem medo de mim?
Caio F.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mochileiros.

Este não é um relato de feitos heroicos.
É um fragmento de duas vidas que percorreram juntas um caminho, compartilhando as mesmas aspirações e os mesmos sonhos.
Che Guevara.

Recordei-me de uma frase do Raul Seixas: Um sonho sonhado só é apenas um sonho, um sonho sonhado junto é realidade.

Procuro meu camarada para sonhar junto comigo...
Deus, tenho medo que a vida seja má comigo, tenho medo de quebrar no caminho, de cair. Só quero soltar sorrisos e ser iluminada.

domingo, 1 de novembro de 2009

Se foi, mas já chega.

Neste feriadão está ocorrendo um apagão na minha cidade, a energia vai e vem a todo tempo. Isso tem acontecido por causa do clima, do mal investimento, dos grandes festivais, bem, não estou aqui para falar sobre a causa, mas da sensação disso. Particulamente, tenho medo de escuro.
O negócio é o seguinte: Sou parecida com a vela e seu pávio. Um ponto de luz no obscuro.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A faca no peito.

Deus é mais belo que eu.
E não é jovem.
Isto sim, é consolo.
Adélia Prado

A costura.

De tardezinha vejo minha mãe sentada na sala com a máquina de costura, ela se sente bem com isso, acho que bate a nostalgia, pois minha vó também costurava. Ela fica lá por horas, fazendo cortinas, tapetes para ela mesma.
- Mãe, a senhora pode costurar meus pensamentos rasgados, colocar um botão no meu coração para fechá-lo, emendar meus sentimentos para torná-los grandes, dá um ponto nas minhas lágrimas para nunca mais caírem e me enfeitar de flores de tecidos para eu ficar bonita?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Boa o bastante.

Você sabe que nunca irei ouvir seu conceito comum. Sou imensa e você sabe, também sabe que não vai me deixar para baixo.
E você sente medo.

Epigrama Nº 8

Encostei-me a ti, sabendo bem que eras somente onda.
Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti.
Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil,
Fiquei sem poder chorar, quando caí.
Cecília Meireles.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Arte do chá.

ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo
Paulo Leminski

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Respire e bolhas de água se formam.

Ele: - Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento, citou Clarice Lispector.
Ela: - Tenho medo de mergulhar em águas profundas.
Ele: - Eu morro de medo também, mas prefiro morrer tentando... parece mais justo, pelo menos aos sentimentos que tanto cativo.
Ela:- Prometo aprender a nadar.

E era tão claro, ele era o salva-vida dela.

sábado, 17 de outubro de 2009

11 pontos.

As lágrimas estão pulsando para cair, a ansiedade as prende.
Sempre quis ser boa em alguma coisa, mas nunca soube em quê,
Encontrar o âmago, a essência, é díficil.
Primeiramente se deve ser bom em matemática;
Depois, saber ler;
Saber da vida;
E saber namorar;
Eu não sei nada disso, por isso só dou voltas em círculo.
O problema: Não gosto da mesmice desse círculo e de nenhum outro.
Por isso em momentos de desespero eu procuro um precipício,
E se não faltar coragem, eu pulo.
De vez enquando me sinto fracassada, nada vai brilhar, desisto.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Rainha.

O problema é que ela sabia demais.
Sabia sorrir, brigar, escrever, contar histórias, chorar baixinho e ouvir as melhores músicas.
Além disso ela era linda, linda além da conta, uma mistura de elementos doces, ásperos, cítricos e delicadamente aromatizados. Ela sabia bater o pé, impor suas vontades, perder a compostura e ainda assim manter aquele olhar inexplicávelmente sedutor. Maldito olhar, maldito sorriso.
(Desconheço)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dia dos pequeninos.

Só gostaria de fazer uma prece, já que mal consegui dormir pensando nas crianças desassistidas que não terão um presente para desembrulhar, que Deus ampare e abençoe todos esses anjos sem asas da humanidade e permita que fique intacta as lembranças dos tempos de inocência para aqueles que já cresceram.
Amém.

domingo, 11 de outubro de 2009

O que Deus une o homem não separa.

Na mesa de barzinho fotografei esses coqueiros, sim, como numa orla cheio de pessoas, música alta, muitos papos e vento bom esses coqueiros chamaram minha atenção? Simples, simples. Gostei da luz do poste refletindo nas suas folhas, ficou bonito, ficou loiro. Gostei do vento, os ares fez com que as folhas parecessem cabelos esvoaçando. E, principalmente, a simetria dos dois coqueiros, um do lado do outro, parecendo dois eternos amantes contemplando o nascer do sol de todos os tempos, a imensidão do rio Amazonas, as suaves nuvens pairando sob o mar-céu anil e sentindo o vento infindável daquele lugar. Quanto tempo será que eles estão juntos? Não sei, chuto: Talvez muito tempo. Afirmo: O amor existe e Deus também crer nele. Digo com sorriso nos lábios: Quero um romance ribeirinho igual esse para mim.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Portal dos sonhos.

Abrirei as portas dos sonhos
recomeçarei tudo de novo,
relerei Alice no País das Maravilhas,
pegarei o Yellow Submarine
e visitarei Penny Lane,
brincarei com o espantalho e o homem de lata.
Ta aí, uma boa viagem
Ta aí, uma longa viagem
Ta aí, uma louca viagem.
Abrirei as portas dos sonhos
recomeçarei tudo de novo,
relerei As Reinações da Narizinho,
voarei num objeto não identificado
e visitarei Mr. Apple,
catanaves de um carnaval maluco beleza.
Vai, bate no tambor
vem viver a simplicidade.
Cérebro Eletrônico


Tú corazón, mi corazón.

Meu coração vai batendo devagar como uma borboleta suja sobre este jardim de trapos esgarçados em cujas malhas se prendem e se perdem os restos coloridos da vida que leva. Vida? Buenas, seja lá o que for isto que temos.
Caio f.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Escondo-me na minha flor,
Para que, murchando em teu vaso,
tu insciente, me procures -
Quase uma solidão.
Emily Dickinson

Para todas as coisas.

Para seduzir, olhar.
Para divertir, bobagem.
Para o carro, devagar.
Mas para enfrentar, coragem.

Para acreditar, mentira.
Para discutir, opinião.
Para levantar, sol.
Mas para dormir, colchão.

Para entender, conflito.
Para se ganhar, amigo.
Para deletar, mensagem.
Para o verão, viagem.
Para fofocar, revista.
Para uma dieta, açúcar.
Para distrair, TV.
E para amar, você.

Para encontrar, vontade.
Para atravessar, a ponte.
Para desejar, sorte.
E para ouvir, Marisa.

Para Capitu, Machado.
Para uma mulher, Clarice.
Para Guimarães, Brasil
Na terceira margem do rio.

Para o secador, molhado.
Para o colar, anel.
Para o batom, um beijo
Sempre muito apaixonado.

Para se pintar, espelho.
Para se perder, aposta.
Para dividir, segredo.
Para namorar, se gosta.

Para um biscoito, avó.
Para comprar, essencial.
Para todas as coisas, nó.
E para terminar, final.
Ana Cañas
Depois, querida, ganharemos o mundo!


Minhas asas azar.

Ela estava toda desleixada, pensa: no meio da tarde pegando ônibus com a temperatura de 35ºC ninguém é bonito. Deveria estar às 15hrs no colégio, mas chega na parada às 14:50, com medo de se atrasar mais ainda pega qualquer ônibus, para o azar dela o ônibus pára léguas longe de seu colégio. Então lá vai ela, andando milhas e milhas sob o sol que faz neguinho ficar azul, atravessa sinal aberto, com suas pernas trêmulas de tanto caminhar ela chega ao tão esperado colégio, Deus até deu uma forcinha - quando chegou lá o elevador havia aberto as portas somente para ela. Iria fazer provas de Linguagens no 6º andar, não havia estudado mas estava lá, a inspetora a barrou, seu atraso a fez perder a prova. Ela respirou fundo com olhos cheios de lágrimas, disse: não acredito, não acredito, não acredito, a vida estar de mal comigo. Pensou em ligar para a mãe e avisar que estava cansada e se ela poderia buscá-la, mas lembrou que quando saiu de casa sua mãe estava no salão de beleza e que não sabia o número novo do celular dela. Não teve jeito. Ela voltou caminhando com malemolência para a parada de ônibus, passa na frente da igreja e faz o sinal da cruz. Pega o ônibus que normalmente vai vazio naquele horário, mas o mundo estava em caos, estava lotado. Por fim das contas, ela chega em casa e não tem coragem de sair novamente e ir até o cursinho para assistir a aula de História que ela tanto gosta, e dorme até o outro dia pra curar a porrada que o mundo a deu, alguém a pregou uma peça e ela caiu.

domingo, 4 de outubro de 2009

Monet.

Estou ouvindo música. Debussy usa as espumas do mar morrendo na areia, refluindo e fluindo. Bach é matemático. Mozart é o divino impessoal. Chopin conta a sua vida mais íntima. Schoenberg, através de seu eu, atinge o clássico eu de todo o muno. Beethoven é a emulsão humana em tempestade procurando o divino e só o alcançando na morte. Quanto a mim, que não peço música, só chego ao limiar da palavra nova. Sem coragem de expô-la. Meu vocabulário é triste e às vezes wagneriano-polifónico-paranóico. Escrevo muito simples e muito nu. Por isso fere. Sou uma paisagem cinzenta e azul. Elevo-me na fonte seca e na luz fria.
Clarice Lispector.


Ah felicidade!

Eu tentei evitar, liguei a tevê e deitei no sofá, desde que haja tempo pra sonhar e assuntos pra desenvolver. Não é muito fácil desligar, me dá pena do meu chinês. Por ele eu passava o dia inteiro a meditar. Bebendo chá verde ele me diz: "Fica feliz que vai funcionar."
Mas eu tô feliz, eu juro pelo meu irmão. O saldo final de tudo foi mais positivo que mil divãs. Por isso que não adianta querer julgar, é cada um por si na sua própria bolha de ar. Mas o que eu penso mesmo é encontrar alguém que me dê carinho e beijo, e me trate como um nenêm, me trate muito bem.
Ah, eu só quero amor, seja como for o amor. Seja bom, seja bom, Seja bom, seja amor. Me faz mais feliz, me dá asas pra fluir e cantar o amor.
Tiê - Chá verde.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

02/10 Primavera chega.

Hoje de manhãzinha saí, dei uma volta e sentei na calçada de uma praça, como boa cidade nortista há sempre muitas árvores e fiquei assim, na frente do rio Amazonas sob a sombra de uma bela palmeira, ou uma mangueira, e fiquei olhando, olhando, olhando, olhei atrás de mim e havia a OAB e orgulhosa disse: ''essa arquitetura é neoclássica!'' E pelos galhos o sol tatuava minha pele com formas geométricas.

Quanta belezura, Senhora Primavera, sejas bem-vinda! E agradeço pela gentileza e por apaixonadamente bateres em minha porta!


Epifanias urbanas.

Preciso de um banho, mas aquele banho para acordar mesmo, esfregar o sabão até ralar a pele, até o branco ficar vermelho. Andei o dia todo na rua, observando, tateando e pensando nas coisas, nada especifico, somente nas coisas. Tateando os postes, observando aquele vestido da mulher que acabara de sair do banco, pensando naquele homem que dirigia um carro importado e como seria sentir o gosto dos seus lábios tão rosa e pêlos tão claros roçando na minha pele, talvez eu tenha me apaixonado, uma paixão que havia durado 15 minutos. E quando eu dou voltas em alamedas assombrosas e vejo cachorros abandonados, essas coisas feias e tristes que não são importantes se tornam obras de arte para mim, vejo profundidade, essas coisas parecem falar, nada é o que parece. Vi um apê de dois andares, o primeiro andar deve ter sido algum negócio que faliu e alguém morava em cima, era uma varanda tão pequenina, havia uma porta e uma janela gradeada e fechada, havia no canto um vaso com uma planta mal cuidada, uma cadeira de balanço e um cachorro que parecia estar velho. Esteticamento era feio, abandonado, mas me deu uma vontade grande de morar alí, queria aquela simplicidade para mim, aquilo era tão terno. Me imaginei abrindo aquela janela para o vento e a sorte entrar. Apesar de todos os meus problemas, defeitos e sujeiras, alguma coisa me diz que eu levaria bons fluídos para alí.

É tão engraçado. Saío assim pelas ruas, me apaixonando e esquecendo, imaginando e me despedindo, assim mato minha sede. Fico me perguntando: será que isso é normal? Ou eu tenho uma mente esquizóide? No fundo não quero saber a resposta. Essas pequenas aventuras é que me faz uma pequena... uma pequena pensadora, coisa ridícula. Mas de qualquer forma, preciso de um banho. Banho para acordar, banho para voltar ao meu rumo senso-comum sem fim. Banho para lavar pensamentos e cabelos.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pseudos-pertences.



Minha meta, minha metade.
Minha seta, minha saudade.
Minha diva, meu divã.
Minha manha, meu amanhã.
C.F.

No surprise.

Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
Caio F.

Não encaixa.

Tenho medo de te ferir. Mas acho que precisamos 'falar seriamente'. Desculpe, mas acho que sim, sem fantasia, sem comicidade. Me pergunto se você não teceu em volta de mim uma porção de coisas irreais - se você não está projetando em mim qualquer coisa como um príncipe encantado - esperando a minha volta como quem espera salvação.
Caio F.

sábado, 26 de setembro de 2009

Adios.


Nada irá sanar sua sede de álcool, drogas e nicotina. Deixa assim, boy, pode se matar como um grande rock star. Não quero participar dessa cenário sórdido.
Sórdido. Mórbido. Fo-did-o.

Vou limpar seu cinzeiro cheio de memórias curtas.


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Estender, crescer, voar.

Ela não quer se prender, comparo ela com um pássaro de asas formosas.
E eu quero ter raízes, ser uma árvore forte, com toda a vitalidade da natureza.

Seja o que for o futuro, ela enfrentará os estilingues e eu o desmatamento. (risos)

Aquela coisa com curvas e de cor vermelho.

Um coração sem uma paixão bandida, sem uma cobiça, sem um amor platônico dá uma sensação de livre-livre, alívio, sem peso, ficamos com os pés no chão, com a concentração a mil. Mas a sensação de incompleto também é grande. Tô começando a achar que nascemos para pensar em alguém ou eu tô viciada nisso.

Abrir a janela para o vento bom entrar, mas ele passa pelas grades. Sem problemas.

Tá assim para as bandas de cá, não se pode mais admirar a lua formidável com o brilho amazônico no caminho da parada do ônibus para casa, por causa de assaltantes. E quando sobra um tempinho para dar passos lentos e o olho na lua, a audição não perdoa, passo na frente de uma lanchonete com a tevê no volume alto no noticiário falando sobre o vírus influenza. É, tenho que me conformar, mundo sem boniteza, que tristeza.

sábado, 19 de setembro de 2009

Ôh de casa.


A felicidade
Morava tão vizinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha.
Chico Buarque

Por favor
Deixa em paz meu coração,
Que ele é um pote até aqui de mágoa.
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água.
Chico Buarque


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cadentes luzes.


Deitada na grama o céu empoeirado de estrelas passei o dedo e - curisoso - algumas vieram grudadas na ponta. Olhei para cima e assoprei. Foi tanta estrela caindo agora eu mal consigo enxergar de tanta esperança.

Rita Apoena

Churrasco em dia de domingo.

Me sinto mais que aconchegada, sinto que tenho uma família completa, com primos, tias e tios. Já não sabia a sensação de dizer: ''benção, tia''. Mesmo eu tendo uma família cheia ambições e segundas intenções espalhadas por todo o canto, tento não pensar nisso. Tomara que o tempo seja bondoso. Quero que isso seja iluminado.
Faça Deus que o sangue fale mais alto.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O sereno encharca.

Um dia ele irá vê-la de perto, talvez soltem sorrisos bobos e haverá silêncios, ele irá lembrar que o silêncio não a incomoda e ficará assim por alguns instantes, e depois que ela é um poço de risos. Poço, profundidade. Risos, simples risos, pois ela não é uma Gioconda de nenhum Leonardo da Vinci. E ela irá lembrar da suavidade que ele gosta, da bebida que ele toma e da sonoridade que ele tem.
Esse é o clima do desconhecido que eles desejavam.
Ela dobra as esquinas cheia de luz, ele permanece na festa cego de tanta luz.

Fora dos fundamentos sólidos para ele, para ela.

Esconderijo.


Procuro a solidão como o ar procura o chão, como a chuva só desmancha pensamento sem razão.
Procuro esconderijo, encontro um novo abrigo, como a arte do seu jeito e tudo faz sentido.
Calma pra contar nos dedos. Beijo pra ficar aqui. Teto para desabar. Você para construir.

Ana Cañas

terça-feira, 1 de setembro de 2009


Não ando na rua.
Ando no mundo da Lua,
falando às estrelas.

Helena Kolody

Quando se acena para o céu.

Não é fácil se despedir em uma rodoviária que só há ida, precisa-se de muitas lágrimas e largar a mão. É tão inaceitável. E perguntamos, ''por quê, Deus?'', a dor é tão profunda que deixamos de acreditar, nós nos prontificamos de criar nossas próprias sombras e o medo parece ser tudo o que nos resta. É nessa hora que devemos ajeitar a armadura, falar com Deus e ir pra frente, porque os ponteiros não voltam.

Esteja em paz, tio.

Marco Antônio del Castillo
1961-2009

sábado, 29 de agosto de 2009

maré que não abaixa, lua que não o toca.


o não saber.


Fora isso o que sempre estivera nos meus olhos no retrato: uma alegria inexpressiva, um prazer que não sabe que é prazer - um prazer delicado demais para a minha grossa humanidade que sempre fora feita de conceitos grossos.

Clarice Lispector.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tudo é muito pouco as vezes.


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Vê se entende.

Ela lhe parecia tão bela, tão sedutora, tão diferente da gente comum, que não compreendia que ninguém se transtornasse como ele com as castanholas dos seus saltos nas pedras do calçamento, ou tivesse o coração descompassado com os ares e suspiros de suas mangas, ou não ficasse louco de amor o mundo inteiro com os ventos de sua trança, o vôo de suas mãos, o ouro do seu riso. Não perdera um gesto seu, nem um indício do seu caráter, mas não se atrevia a se aproximar dela pelo medo de desfazer o encanto.

Gabriel Garcia Marquez

domingo, 23 de agosto de 2009

Meia volta, se der.


Restrita.
Alvo impossível a queima-roupa.
Não questione,
Não irá ter resposta.
Quando se tem o controle
Não se quer perdê-lo.
E, quando se perde
Acorda com o corpo na lama,
Uma questão de tempo.
Uma educação dada é uma vida moldada,
Respeite o retrado.
É um modo agradável.
Sou o céu, seu céu,
Que nem com os braços você pode tocar,
Nem com gritos posso te ouvir,
Nem com música posso te sentir,
Nem com avião você pode estar perto de mim.
Só com a chuva você ter parte de mim,
Ainda assim, tocando no seu guarda-chuva.

A Bailarina e o Astronauta.


Eu sou uma bailarina e cheguei aqui sozinha. Não pergunte como eu vim, porque já não sei de mim. Do meu circo eu fui embora, sei que minha família chora. Não podia desistir, se um dia, como um sonho ele apareceu pra mim. Tão brilhante como um lindo avião. Chamuscando fogo e cinzas pelo chão. De repente como um susto, num arbusto logo em frente, aconteceu uma explosão, afastando a minha gente. Mas eu não quis ir embora, não podia ir embora. Como se nascesse ali um amor absoluto pelo homem que eu vi. Poderia lhe entregar meu coração. Alma, vida e até minha atenção. Mas vieram as sirenes e homens falando estranho. Carregaram meu presente como se ele fosse um santo. Dirigiam um carro branco e num segundo foram embora. Desse dia até agora, não sei como, não pergunte, procuro por todo canto.

Astronauta, diz pra mim cadê você, bailarina não consegue mais viver.


Tiê

Eco e Narciso


Eco era uma bela ninfa que vivia nos bosques e fontes e dedicava-se às distrações campestres, mas tinha um defeito: falava demais! Um dia, Hera, revoltada com as tagarelices de Eco, tirou-lhe a voz e condenou-a a repetir somente o que ouvia dos outros.
Um dia, Eco viu Narciso, um belo jovem que caçava na floresta, e apaixonou-se por ele. Como não podia conversar, esperava que ele dissesse as primeiras palavras para repeti-las.
Certo dia, Narciso perdeu-se dos amigos e gritou.
– Há alguém aqui?
– Aqui – respondeu Eco, correndo para junto de Narciso.
– Afasta-se! – exclamou o jovem que desprezava as ninfas – Prefiro morrer a deixá-la possuir-me.
– Possuir-me – respondeu Eco.
Narciso fugiu e Eco, arrasada, passou a viver nas cavernas. De tanta tristeza, o belo corpo definhou e os ossos transformaram-se em pedra, restando-lhe apenas a voz.
As outras ninfas, indignadas, clamaram por vingança, pedindo a Nemêsis que Narciso vivesse um amor não-correspondido.
O pedido delas foi atendido.
Na floresta havia um lago de águas tão claras e límpidas que parecia de prata. Fatigado de caça, Narciso parou e inclinou-se para saciar a sede, encantando-se com o próprio reflexo, confundindo-o com um espírito das águas. Apaixonou-se, assim, por si mesmo. Tocou a imagem com os lábios para beijá-la, mergulhou os braços para abraçá-la, notando que ela desaparecia a cada toque para voltar em seguida, renovando-lhe o fascínio.
A vida de Narciso restringia-se a contemplar-se.
– Por que me ignora se te amo tanto?
– Te amo tanto – respondeu Eco.
– Por que não vem para mim?
– Vem para mim.
Desse modo, Narciso deixou-se atrair para a pronfundeza das águas, entregando-se aos braços frios da morte.
Às margens do lago, nasceu uma flor de beleza incomparável, chamada narciso.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

E talvez agosto não seja o mês do desgosto.


Sempre passei agosto esperando setembro, mas esse agosto é uma exceção, embora continue terrivelmente lento, ele tá ficando bonito, colorido, rosa e vermelho, ou talvez ele já fosse assim, só que ninguém percebeu, eu não percebi. Caio Fernando Abreu dizia, que, para passar agosto devíamos ter uma paixão, mesmo que inventada, mesmo que cortês. Acho que sem querer inventei uma, os jambeiros fortes que estão nas calçadas com suas folhas grandes brotando dos galhos que ficam o ano inteiro sem cor, esperando o agosto o colorir com frutas vermelhas e suas flores nascendo tão rosas quanto o meu vestido, se transformando em delíciosas frutas doces.


Alô, alô, alô papai, alô mamãe...

Deixei o blog um pouquinho de lado, mas não é por qualquer motivo, estou concentrada nos estudos para passar no bendito vestibular. E, se Deus quiser, escreverei aqui os sentimentos de uma futura acadêmica de Direito, ou de História, ou de Filosofia ou Engenheira de computação. HAHA.

Me desejem sorte.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Na praça o circo continua.


É nesse tom, nessas cores sujas e borradas está o que procurei inutilmente dentro da caixa no vácuo de mim? Oh, céus, o que na verdade procuro? Nada me sacia, meu amor. Nada toco, meu amor. Nada dura. Não quero encontrar um futuro vivendo entre pílulas anti-depressivas e a consulta do analista. É nessas horas que tenho vontade de ir a igreja e conversar com um padre, ou pegar uma linha de ônibus que nunca havia pego antes e parar em uma parada distante. E talvez, ouvir de um estranho ''que horas são, moça?''.
Nem sempre preciso existir, mas vez enquando é bom.

E hoje...

Eu poderia soltar flores, correr até o anoitecer em direção a liberdade e dançar qualquer coisa nesse porto onde ninguém desembarca.

domingo, 26 de julho de 2009

Janela de domigo.


quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sweet dia.

As conversas se estendem devagar na tarde, a doçura visita-os, as palavras tem o sabor da maresia, o vento os leva o cheiro da palmeira e da grama limpa, a brisa do rio esvoaça os cabelos como se quisesse voar para aquele telhado cor de aníl.
E no olhar dela um rastro de sol que o encanta e o faz chorar.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A espera é longa.


_ Espere...
_ O quê?
_ Não sei, só espere... Quero que espere... Um pouco.
_ Tá...
_ Mesmo?
_ Não sou um conceito, sou só uma garota ferrada procurando paz de espírito. Não sou perfeita...
_ Não vejo nada que não goste em você...
_ Mas verá!
_ Agora eu não vejo!
_ Eu vou ficar entediada e me sentir presa... Pois é isso que acontece comigo.
_ Ok...