quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pseudos-pertences.



Minha meta, minha metade.
Minha seta, minha saudade.
Minha diva, meu divã.
Minha manha, meu amanhã.
C.F.

No surprise.

Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
Caio F.

Não encaixa.

Tenho medo de te ferir. Mas acho que precisamos 'falar seriamente'. Desculpe, mas acho que sim, sem fantasia, sem comicidade. Me pergunto se você não teceu em volta de mim uma porção de coisas irreais - se você não está projetando em mim qualquer coisa como um príncipe encantado - esperando a minha volta como quem espera salvação.
Caio F.

sábado, 26 de setembro de 2009

Adios.


Nada irá sanar sua sede de álcool, drogas e nicotina. Deixa assim, boy, pode se matar como um grande rock star. Não quero participar dessa cenário sórdido.
Sórdido. Mórbido. Fo-did-o.

Vou limpar seu cinzeiro cheio de memórias curtas.


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Estender, crescer, voar.

Ela não quer se prender, comparo ela com um pássaro de asas formosas.
E eu quero ter raízes, ser uma árvore forte, com toda a vitalidade da natureza.

Seja o que for o futuro, ela enfrentará os estilingues e eu o desmatamento. (risos)

Aquela coisa com curvas e de cor vermelho.

Um coração sem uma paixão bandida, sem uma cobiça, sem um amor platônico dá uma sensação de livre-livre, alívio, sem peso, ficamos com os pés no chão, com a concentração a mil. Mas a sensação de incompleto também é grande. Tô começando a achar que nascemos para pensar em alguém ou eu tô viciada nisso.

Abrir a janela para o vento bom entrar, mas ele passa pelas grades. Sem problemas.

Tá assim para as bandas de cá, não se pode mais admirar a lua formidável com o brilho amazônico no caminho da parada do ônibus para casa, por causa de assaltantes. E quando sobra um tempinho para dar passos lentos e o olho na lua, a audição não perdoa, passo na frente de uma lanchonete com a tevê no volume alto no noticiário falando sobre o vírus influenza. É, tenho que me conformar, mundo sem boniteza, que tristeza.

sábado, 19 de setembro de 2009

Ôh de casa.


A felicidade
Morava tão vizinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha.
Chico Buarque

Por favor
Deixa em paz meu coração,
Que ele é um pote até aqui de mágoa.
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água.
Chico Buarque


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cadentes luzes.


Deitada na grama o céu empoeirado de estrelas passei o dedo e - curisoso - algumas vieram grudadas na ponta. Olhei para cima e assoprei. Foi tanta estrela caindo agora eu mal consigo enxergar de tanta esperança.

Rita Apoena

Churrasco em dia de domingo.

Me sinto mais que aconchegada, sinto que tenho uma família completa, com primos, tias e tios. Já não sabia a sensação de dizer: ''benção, tia''. Mesmo eu tendo uma família cheia ambições e segundas intenções espalhadas por todo o canto, tento não pensar nisso. Tomara que o tempo seja bondoso. Quero que isso seja iluminado.
Faça Deus que o sangue fale mais alto.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O sereno encharca.

Um dia ele irá vê-la de perto, talvez soltem sorrisos bobos e haverá silêncios, ele irá lembrar que o silêncio não a incomoda e ficará assim por alguns instantes, e depois que ela é um poço de risos. Poço, profundidade. Risos, simples risos, pois ela não é uma Gioconda de nenhum Leonardo da Vinci. E ela irá lembrar da suavidade que ele gosta, da bebida que ele toma e da sonoridade que ele tem.
Esse é o clima do desconhecido que eles desejavam.
Ela dobra as esquinas cheia de luz, ele permanece na festa cego de tanta luz.

Fora dos fundamentos sólidos para ele, para ela.

Esconderijo.


Procuro a solidão como o ar procura o chão, como a chuva só desmancha pensamento sem razão.
Procuro esconderijo, encontro um novo abrigo, como a arte do seu jeito e tudo faz sentido.
Calma pra contar nos dedos. Beijo pra ficar aqui. Teto para desabar. Você para construir.

Ana Cañas

terça-feira, 1 de setembro de 2009


Não ando na rua.
Ando no mundo da Lua,
falando às estrelas.

Helena Kolody

Quando se acena para o céu.

Não é fácil se despedir em uma rodoviária que só há ida, precisa-se de muitas lágrimas e largar a mão. É tão inaceitável. E perguntamos, ''por quê, Deus?'', a dor é tão profunda que deixamos de acreditar, nós nos prontificamos de criar nossas próprias sombras e o medo parece ser tudo o que nos resta. É nessa hora que devemos ajeitar a armadura, falar com Deus e ir pra frente, porque os ponteiros não voltam.

Esteja em paz, tio.

Marco Antônio del Castillo
1961-2009