sábado, 7 de fevereiro de 2009

Plácido e Carreras.

Eis uma história que nem todos conhecem, mas nos leva pensar se precisamos mesmo conviver com a rivalidade. Refere-se a dois dos três tenores que encantaram o mundo, cantando juntos: Plácido Domingo e José Carreras.

Mesmo quem não conhece a Espanha sabe que há uma grande rivalidade entre os Catalães e Madrilenos. Dado que os catalães lutam pela autonomia, numa Espanha dominada por Madri.

Pois bem...
Plácido Domingo é madrileno e José Carreras é catalão.
Devido questões políticas, em 1984, Carreras e Domingo, tornaram-se inimigos.
Sempre muito solicitados em todo o mundo, ambos faziam questão de exigir nos seus contratos, que só atuariam em determinado espetáculo se o adversário não fosse convidado.

Em 1987, apareceu a Carreiras um inimigo muito mais implacável que seu rival, Plácido Domingo. Porém, foi surpreendido com um diagnóstico terrível: Leucemia.

A sua luta contra o câncer foi muito difícil, tendo-se submetido a diversos tratamentos, a transplantes de médula óssea, além de uma mudança de sangue, que o obrigava a viajar mensalmente para os Estados Unidos.

Nestas circuntâncias, não podia trabalhar e apesar de ser dono de uma fortuna razoável, os custos elevadíssimos das viagens e tratamentos, dilapidaram suas finanças. Quando não tinha mais condição financeira, teve conhecimento da existência de uma fundação em Madri, cuja a finalidade era apoiar o tratamento de doentes com leucemia.

Graças ao apoio da fundação ''Formosa'', Carreiras venceu a doença e voltou a cantar. Voltou a receber os altos cachês que merecia, e resolveu associar-se à fundação.

Foi ao ler os seus estatutos, que descobriu que o seu fundador, maior colaborador e presidente da fundação, era Plácido Domingo. Depressa soube que Domingo tinha criado a fundação para ajudá-lo e que se tinha mantido em anonimato para que ele não se sentisse humilhado ao aceitar o auxílio do seu ''inimigo''.

Mas... O mais comovente foi o encontro de ambos.
Surpreendendo Plácido Domingo num dos seus concertos em Madri, Carreras interropeu a atuação deste, subindo ao palco e humildemente, ajoelhou-se a seus pés, pediu-lhe desculpas e agradeceu-lhe publicamente.
Plácido ajudou-o a levantar-se e com um forte abraço, selaram o início de uma grande e bela amizade.

Mais tarde, uma jornalista perguntou a Plácido Domingo, porque criara a fundação ''Formosa'', um gesto que além de ajudar um ''inimigo'', ajudava também o único artista que poderia fazer-lhe concorrência. Sua resposta foi curta e definitiva: ''- Porque uma voz como aquela não poderia perder-se.''


Esta é uma história real da nobreza humana e deveria servi-nos de inspiração e exemplo.






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