quarta-feira, 8 de julho de 2009

Blues do elevador - Zeca Baleiro.

Ora quem é que não sabe o que é se sentir sozinho
Mais sozinho que um elevador vazio.
Achando a vida tão chata
Achando a vida mais chata do que um cantor de soul.

Sou eu quem te refresca a memória
Quando te esqueces de regar as plantas
E de dependurar as roupas brancas no varal.
Só faz milagres quem crê que faz milagres.
Como transformar lágrima em canção.

Vejo os pombos no asfalto, eles sabem voar alto
Mais insistem em catar as migalhas do chão.

Sei rir mostrando os dentes e a língua afiada
Mais cortante que um velho blues.

Mas hoje eu só quero chorar como um poeta do passado
E fumar o meu cigarro na falta de absinto.
Eu sinto tanto, eu sinto muito, eu nada sinto.
Como dizia Madalena replicando os fariseus
Quem dá aos pobres empresta a Deus.



Ótima música para dias cinzas, em que o ponteiro do relógio passa mais lentamente ironizando sua agonia, em que vozes são comparadas com buzinas, em que a fumaça do velho tabaco substitui um abraço.

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