quinta-feira, 3 de março de 2011

Quinta-feira, 17h45

Subiu no ônibus, sentou-se do lado da janela, seu reflexo pálido refletia no vidro, mantendo sempre os olhos distantes, na verdade, nem ela compreende essa sensação gritante de estar longe. O celular toca, desajeitada abre a bolsa e lê o nome dele, coração pula e um ''alô'' bastante trêmulo sai; apesar da sua irrefutável solidão e seu pensamento de mulher moderna que almeja independência e autosuficiência às vezes um telefonema; uma piada; um timbre; um sorvete melhora o dia. Logo deixou-a cheio de dengo e manha.

Desceu na parada, caminha para escola de música soltando sorrisos inconvenientes, algo difícil de controlar quando corpo e alma rir, olha para o relógio e vê que dar tempo para uma volta, fazer uma reflexão sobre a vida e tomar um sorvete, exatamente isso que ela faz, pede sorvete de cereja com chocolate, senta-se, observa que o dia está feio, nublado, ventos fortes embaraçam seus cabelos, pensa: ''Vou para a beira do rio? E se cair um temporal?'', ficou a pensar uns 10 minutos e resolveu ir, exclama: ''Com medo de uma chuvinha? Oras bolas, não me reconheço mais!''; senta-se na beira do rio, que está seco, então, ela sente algo em comum com ele. Fita o horizonte e princesas (navios cargueiros) ancoradas luzem nos seus olhos, solta outra metáfora: essas princesas estão ancoradas no seus seres secos, rasos, será que algum príncipe vem resgatá-las e fazer com que, finalmente, possam navegar livremente? Tal vez sí, tal vez no.

O celular toca de novo, ela atende: ''Oi, príncipe.''

0 comentários:

Postar um comentário