terça-feira, 22 de junho de 2010

No fio

Resolvi ligar para ele, bem rapidinho, estava sentindo falta de sua voz e para não me sentir tão sozinha naquela noite. Ele começou falando de seus afazeres diários e da peça que estava ensaiando. Ele só ouvia minha respiração, submeto-me ao silêncio somente para contemplar o seu timbre. E logo me fez uma pergunta inesperada: - Está feliz de falar comigo? Não quis dar o meu braço a torcer, respondi: - Convencido. Responda primeiro, está feliz de falar comigo? Logo retrucou: - Eu estou. Larguei o orgulho: - Também.
Sinto-me rasa demais para ser notável. Entende? Não?
Pois fique sabendo.
Hoje o céu se fez por mim:
Imperioso e doce.
Invencível e vulnerável.
Feio e bonito.
Nublado e amarelo.
E chuviscava. Chuviscava.
Dentro, fora.