A torre, construída em areia movediça, desabou. Era a chegada a hora.
Sobrou os escombros, a dor, as memórias, a tristeza, as angústias, os medos.
Ora...
Sobrou a mim. Ainda inteira. Ainda firme. Ainda com vida.
Farei diferente dessa vez: não irei ficar submersa no sofrimento por mais tempo; não entrarei no desespero de reerguer uma outra torre na areia; não procurarei distrações para fugir da realidade que não me aprazível; não alimentarei o meu ego para provar algum coisa a alguém; não vou publicar minhas lamentações; não irei procurar subterfúgios em coisas superficiais.
Minha estratégia será na racionalidade. Na compreensão e na busca incessante da minha melhor versão.
Estou disposta a construir uma fortaleza. Consistente. Segura. Imponente. Gloriosa. Para muitos, impenetrável. Uma fortaleza de espírito cujo projeto arquitetônico é realizado por dor e amor.
Nunca será destruída.
Serei arquiteta, construtora, imperatriz, combatente. Serei tudo na minha fortaleza.
Disposta a proteger-me e guerrear se preciso for.
Eu, verdadeiramente, estou disposta a construir do zero, colocar cada pedra diariamente e em breve, concluí-la, mas com a consciência de que sempre haverá pequenas reformas, ampliações e mudanças.
Estou comprometida com a minha fortaleza, com o meu espírito e comigo. Apenas resta o meu agradecimento a cada acontecimento que fez ser lapidada para sobreviver. Tornei-me poderosa.