''Por quê? Por quê não mudas? Por quê te contentas com essa infelicidade, vida miserável, optaste pela solidão por qual motivo? Pensou que a vida seria fácil, que arrumarias um bom marido, teria lindos filhos e um diploma na parede feito filme de sonho norte-americano? Não, os caminhos tomam rumo diferente e tudo depende de nós, por quê tu não agiste quando havia tempo?'' Com os olhos derramando muitas lágrimas com uma aparente calmaria continuou:''E o amor? Cadê isso que todos procuram, todos encontram e divulgam?'' Bateu no peito e arranhou fortemente até sair sangue. ''Tu sequer sentes alguma! Estás ainda viva? Onde colocaram teu coração? Há só vazio em ti! Estás oca...''
Entorpecida, pegou a água que tinha colocado para ferver e queimou suas mãos, soltou um alto grito de dor e depois colocou as mãos debaixo da torneira. Estava enlouquecida e triste. Acendeu o cigarro, se dependurou na janela, tragava elegantemente, sentia a brisa noturna cobrir seu corpo nu, com o olhar perdido nas luzes da cidade.
Baixinho parafraseou Nietszche: ''É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela. Não, Nietszche, não tem estrela nenhuma. Exceto se... Quando era pequena costumava pensar que cada estrela no céu era uma morte, a morte não era feia, e sim mágica porque transformava as pessoas em luz. Só assim serei luz.'' Olhou para o céu, soltou um sorriso, abriu os braços e jogou-se do 9º andar.
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