quarta-feira, 30 de março de 2011
Rubem Alves
Tem gente que entra na nossa vida de forma providencial e se encaixa naquela história que gosto de imaginar: surpresas que Deus embrulha pra presente e nos envia no anonimato. Surpresas que só sabemos de onde vêm porque chegam com o cheiro dele no papel. Acho maravilhoso perceber o quanto algumas vidas interagem com a nossa de um jeito tão mágico e bonito. Os milagres existem para quem tem olhos que sabem ver a sabedoria e a ludicidade amorosa próprias do que é divino. Do que transcende. Do que escapole da nossa lógica tantas vezes sem coração. Todo encontro que verdadeiramente nos toca é uma espécie de milagre num mundo de bilhões de seres humanos. Algumas pessoas a gente nem imaginava que existiam, mas, meu Deus, que agrado bom é para a alma descobrir que vivem. Que estão por aqui conosco. Pessoas que fazem muita diferença na nossa jornada, com as quais trocamos figurinhas raras para o nosso álbum. Ana Jácomo
E no meio de tanta gente eu encontrei você, entre tanta gente chata sem nenhuma graça, você veio, e eu que pensava que não ia me apaixonar nunca mais na vida. Eu podia ficar feio só perdido mas com você eu fico muito mais bonito, mais esperto, e podia estar tudo agora dando errado pra mim mas com você dá certo. Eu podia estar sofrendo caído por aí mas com você eu fico muito mais feliz, mais desperto, eu podia estar agora sem você mas eu não quero, não quero!
Arnaldo Antunes e Marisa Monte
quarta-feira, 23 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
Encostei o meu carro na praça e você, um tanto sem graça, sorriu pra mim. Sem querer eu olhei em seus olhos, sem saber segurei suas mãos e começou assim um longo silêncio entre nós. A sua presença calou minha voz, tanta coisa eu tinha guardado pra lhe dizer mas não disse nada. Encostei o meu corpo no seu e um novo desejo nasceu, entre nós dois, seus carinhos me deixavam louco, nosso tempo era curto e tão pouco, e deixamos pra depois. (...) Preciso rever seu sorriso um tanto sem graça, preciso voltar mais uma vez com você lá na praça pra falar mais um pouco de mim, encostar o meu corpo em seu corpo e adormecer assim. Preciso rever seu sorriso um tanto sem graça... Zeca Baleiro
quarta-feira, 16 de março de 2011
terça-feira, 15 de março de 2011
''Volto ao jardim com a certeza que devo chorar''
Eu te amo, eu eternamente te amo. E nada mais posso te oferecer além do meu amor, minhas palavras e preces.
Fique na luz e não se esqueça de nós.
14/03/2011
domingo, 13 de março de 2011
sábado, 12 de março de 2011
Chão de Minas
sexta-feira, 11 de março de 2011
(...) Conversávamos sobre o julgamento, nossas vidas, qualquer coisa, ela parecia uma mistura extraordinária de fatores. Sinfônica. Uma personalidade sinfônica. Disciplinada e encantadora. Uma risada musical. E um sorriso que era uma maravilha da ortodontia. Era muito mais que espirituosa do que imaginara; dura, como todos diziam, mas nem tanto assim.
Fiquei particularmente afetado por seus comentários casuais, a maneira como os olhos, escurecidos pela maquilagem, assumiam um ar de avaliação objetivo. Analisando política, testumunhas ou policiais, ela demonstrava como tinha uma visão firme de tudo o que estava acontecendo. E isso era muito excitante para mim, conhecer uma mulher que parecia estar de fato por dentro das coisas, que avançava pelo mundo com a velocidade de Carolyn e que era tantas coisas diferentes para pessoas diferentes. (...)
- Lá estava aquela mulher impetuosa, inteligente, bonita, muito celebrada, com uma espécie de radiância intensa. (...) Há aquele calor, a sensação de estar ressequido... todas as antigas metáforas idiotas... e começo a pensar: ''Santo Deus, isso não pode estar acontecendo!'' E talvez, jamais acontecesse, mas a essa altura começo a perceber, começo a pensar que ela presta alguma atenção em mim. Está mesmo olhando para mim. Claro que isso parece coisa de escola secundária. Mas aí está o problema, as pessoas não olham umas para as outras. (...)
- Essa era a pior parte, aquele incrível domínio sobre meus sentimentos. Entro no chuveiro, estou guiando pela rua... e lá está Carolyn. Fantasias. Conversas com ela. Um filme ininterrupto. Contemplo-a divertida e relaxada, apreciando... a mim. Isso mesmo, a mim. Não consigo concluir um telefonema; não consigo ler um memorando ou um sumário.
E tudo isso, toda essa espetacular obsessão, arrostando um coração disparado, entranhas pelo avesso, uma sensação frenética de resistênciae incredulidade. Digo a mim mesmo que não aconteceu, é um episódio juvenil, um truque da mente, como déjà vu. Estremeço nos momentos mais inesperados. Tatei pelo íntimo, em busca da antiga realidade. Garanto a mim mesmo que me levantarei pela manhã me sentindo incólume, sentindo-me bem outra vez, sentindo-me são.
Mas isso não acontece, é claro, e os momentos em que estou com ela, a expectativa, a apreciação, são primorosos. Sinto-me sem fôlego, meio tonto. Rio com muita facilidade, facilidade demais. Faço o que posso para permanecer junto dela, mostro um papel por cima de seu ombro enquanto está na escrivaninha, a fim de observar com mais detalhes alguns aspectos: os brincos de ouro, os odores dos sais de banho e da respiração, a cor azulada da nuca quando os cabelos se entreabrem. E depois, quando estou sozinho, sinto-me desesperado e envergonhado. Essa obsessão devastadora e louca! Onde está meu mundo? Estou partindo. Já parti.''
Acima de qualquer suspeita, Scott Turow.
quarta-feira, 9 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
Viva o Carnaval que eu não vivo
- Adivinha se gosta de mim!
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
- Que eu quero morrer no seu bloco...
- Que eu quero me arder no seu fogo.
- Eu sou seresteiro, poeta e cantor.
- O meu tempo inteiro, só zombo do amor.
- Eu tenho um pandeiro.
- Só quero um violão!
- Eu nado em dinheiro.
- Não tenho um tostão... Fui porta-estandarte, não sei mais dançar...
- Eu, modéstia à parte, nasci prá sambar.
- Eu sou tão menina...
- Meu tempo passou...
- Eu sou Colombina!
- Eu sou Pierrô!
Mas é Carnaval! Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr,
Deixa o dia raiar que hoje eu sou
Da maneira que você me quer.
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for, seja o que Deus quiser!
(Chico Buarque)
segunda-feira, 7 de março de 2011
Ela falou: - Você tem medo.
Aí eu disse: - Quem tem medo é você.
Falamos o que não devia nunca ser dito por ninguém.
Ela me disse: - Eu não sei mais o que eu
sinto por você. Vamos dar um tempo, um dia a gente se vê.
E eu dizia: - Ainda é cedo, cedo, cedo, cedo, cedo.
Legião Urbana
alma e corpo,
asa e flor.
Que agonia, meu Deus!
Que solidão repugnante!
Passou rompendo pontes,
alagando corações e abrindo rachaduras em volta dos meus pés.
Já não tenho paz, sossego e bem-querer.
domingo, 6 de março de 2011
sábado, 5 de março de 2011
(Antoine de Saint-Exupéry in O Pequeno Principe)
sexta-feira, 4 de março de 2011
Nem demais, nem de menos...
Nem tão longe, nem tão perto
Na medida mais precisa que eu puder
Mas amar-te como próximo, sem medida...
E ficar sempre em tua vida
Da maneira mais discreta que eu souber
Sem tirar-te a liberdade,
Sem jamais te sufocar, sem forçar tua vontade
Sem falar quando for a hora de calar
E, sem calar quando for a hora de falar...
Nem ausente, nem presente por demais....
Simplesmente, calmamente, ser-te paz!
É bom ser amigo, mas confesso:
É tão difícil aprender!
Por isso eu te peço paciência
Vou encher este teu rosto, de alegrias e de lembranças...
Dê-me tempo,
De acertar nossas distâncias ... ''
-Sim.
-Ele só fica olhando. É tão quietinho.
-É assim que queremos que ele seja.
-As águas paradas são as que têm maior profundidade.
Bukowski, Charles
''A alma dos diferentes é feita de uma luz além.
A estrela dos diferentes tem moradas deslumbrantes
que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender.
Nessas moradas estão os maiores tesouros da ternura humana.
De que só os diferentes são capazes. Jamais mexam com o sentimento de um diferente.
Ele é sensível demais para ser conquistado
sem que haja conseqüência com o ato de o conquistar. ''
quinta-feira, 3 de março de 2011
Subiu no ônibus, sentou-se do lado da janela, seu reflexo pálido refletia no vidro, mantendo sempre os olhos distantes, na verdade, nem ela compreende essa sensação gritante de estar longe. O celular toca, desajeitada abre a bolsa e lê o nome dele, coração pula e um ''alô'' bastante trêmulo sai; apesar da sua irrefutável solidão e seu pensamento de mulher moderna que almeja independência e autosuficiência às vezes um telefonema; uma piada; um timbre; um sorvete melhora o dia. Logo deixou-a cheio de dengo e manha.
Desceu na parada, caminha para escola de música soltando sorrisos inconvenientes, algo difícil de controlar quando corpo e alma rir, olha para o relógio e vê que dar tempo para uma volta, fazer uma reflexão sobre a vida e tomar um sorvete, exatamente isso que ela faz, pede sorvete de cereja com chocolate, senta-se, observa que o dia está feio, nublado, ventos fortes embaraçam seus cabelos, pensa: ''Vou para a beira do rio? E se cair um temporal?'', ficou a pensar uns 10 minutos e resolveu ir, exclama: ''Com medo de uma chuvinha? Oras bolas, não me reconheço mais!''; senta-se na beira do rio, que está seco, então, ela sente algo em comum com ele. Fita o horizonte e princesas (navios cargueiros) ancoradas luzem nos seus olhos, solta outra metáfora: essas princesas estão ancoradas no seus seres secos, rasos, será que algum príncipe vem resgatá-las e fazer com que, finalmente, possam navegar livremente? Tal vez sí, tal vez no.
O celular toca de novo, ela atende: ''Oi, príncipe.''