''Não me deixe. Devemos esquecer, tudo pode ser esquecido, que já tenha passado. Esquecer os tempos dos mal-entendidos e os tempos perdidos tentando saber como esquecer as horas que as vezes mataram com sopros de porque o coração de felicidade.
Não me deixe. Eu vou te oferecer pérolas de chuva que vêm dos países onde não chove. Eu vou cavar a terra até a minha morte para cobrir teu corpo de ouro e luzes.
Eu farei uma terra onde o amor será rei. Onde o amor será lei. Onde tu serás rainha. Não me deixe.
Eu inventarei palavras sem sentido que tu compreenderás. Eu te falarei sobre os amantes que viram duplamente seus corações incendiarem-se.
Eu te contarei a história deste rei morto por não poder te reencontrar. Não me deixe.
Nós freqüentemente vemos renascer o fogo do vulcão antigo que pensamos estar velho demais. Nos é mostrado em terras que foram queimadas nascendo mais trigo do que no melhor abril. E quando vem a noite com um céu flamejante o vermelho e o negro não se casam. Não me deixe.
Não vou mais chorar. Eu não vou mais falar. Eu me esconderei lá para te contemplar a dançar e sorrir. E para te ouvir cantar e então rir.
Deixa que eu me torne a sombra da tua sombra, a sombra da tua mão, a sombra do teu cachorro. Não me deixe.''
(Ne me quitte pas - Maysa)