sábado, 29 de agosto de 2009

maré que não abaixa, lua que não o toca.


o não saber.


Fora isso o que sempre estivera nos meus olhos no retrato: uma alegria inexpressiva, um prazer que não sabe que é prazer - um prazer delicado demais para a minha grossa humanidade que sempre fora feita de conceitos grossos.

Clarice Lispector.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tudo é muito pouco as vezes.


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Vê se entende.

Ela lhe parecia tão bela, tão sedutora, tão diferente da gente comum, que não compreendia que ninguém se transtornasse como ele com as castanholas dos seus saltos nas pedras do calçamento, ou tivesse o coração descompassado com os ares e suspiros de suas mangas, ou não ficasse louco de amor o mundo inteiro com os ventos de sua trança, o vôo de suas mãos, o ouro do seu riso. Não perdera um gesto seu, nem um indício do seu caráter, mas não se atrevia a se aproximar dela pelo medo de desfazer o encanto.

Gabriel Garcia Marquez

domingo, 23 de agosto de 2009

Meia volta, se der.


Restrita.
Alvo impossível a queima-roupa.
Não questione,
Não irá ter resposta.
Quando se tem o controle
Não se quer perdê-lo.
E, quando se perde
Acorda com o corpo na lama,
Uma questão de tempo.
Uma educação dada é uma vida moldada,
Respeite o retrado.
É um modo agradável.
Sou o céu, seu céu,
Que nem com os braços você pode tocar,
Nem com gritos posso te ouvir,
Nem com música posso te sentir,
Nem com avião você pode estar perto de mim.
Só com a chuva você ter parte de mim,
Ainda assim, tocando no seu guarda-chuva.

A Bailarina e o Astronauta.


Eu sou uma bailarina e cheguei aqui sozinha. Não pergunte como eu vim, porque já não sei de mim. Do meu circo eu fui embora, sei que minha família chora. Não podia desistir, se um dia, como um sonho ele apareceu pra mim. Tão brilhante como um lindo avião. Chamuscando fogo e cinzas pelo chão. De repente como um susto, num arbusto logo em frente, aconteceu uma explosão, afastando a minha gente. Mas eu não quis ir embora, não podia ir embora. Como se nascesse ali um amor absoluto pelo homem que eu vi. Poderia lhe entregar meu coração. Alma, vida e até minha atenção. Mas vieram as sirenes e homens falando estranho. Carregaram meu presente como se ele fosse um santo. Dirigiam um carro branco e num segundo foram embora. Desse dia até agora, não sei como, não pergunte, procuro por todo canto.

Astronauta, diz pra mim cadê você, bailarina não consegue mais viver.


Tiê

Eco e Narciso


Eco era uma bela ninfa que vivia nos bosques e fontes e dedicava-se às distrações campestres, mas tinha um defeito: falava demais! Um dia, Hera, revoltada com as tagarelices de Eco, tirou-lhe a voz e condenou-a a repetir somente o que ouvia dos outros.
Um dia, Eco viu Narciso, um belo jovem que caçava na floresta, e apaixonou-se por ele. Como não podia conversar, esperava que ele dissesse as primeiras palavras para repeti-las.
Certo dia, Narciso perdeu-se dos amigos e gritou.
– Há alguém aqui?
– Aqui – respondeu Eco, correndo para junto de Narciso.
– Afasta-se! – exclamou o jovem que desprezava as ninfas – Prefiro morrer a deixá-la possuir-me.
– Possuir-me – respondeu Eco.
Narciso fugiu e Eco, arrasada, passou a viver nas cavernas. De tanta tristeza, o belo corpo definhou e os ossos transformaram-se em pedra, restando-lhe apenas a voz.
As outras ninfas, indignadas, clamaram por vingança, pedindo a Nemêsis que Narciso vivesse um amor não-correspondido.
O pedido delas foi atendido.
Na floresta havia um lago de águas tão claras e límpidas que parecia de prata. Fatigado de caça, Narciso parou e inclinou-se para saciar a sede, encantando-se com o próprio reflexo, confundindo-o com um espírito das águas. Apaixonou-se, assim, por si mesmo. Tocou a imagem com os lábios para beijá-la, mergulhou os braços para abraçá-la, notando que ela desaparecia a cada toque para voltar em seguida, renovando-lhe o fascínio.
A vida de Narciso restringia-se a contemplar-se.
– Por que me ignora se te amo tanto?
– Te amo tanto – respondeu Eco.
– Por que não vem para mim?
– Vem para mim.
Desse modo, Narciso deixou-se atrair para a pronfundeza das águas, entregando-se aos braços frios da morte.
Às margens do lago, nasceu uma flor de beleza incomparável, chamada narciso.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

E talvez agosto não seja o mês do desgosto.


Sempre passei agosto esperando setembro, mas esse agosto é uma exceção, embora continue terrivelmente lento, ele tá ficando bonito, colorido, rosa e vermelho, ou talvez ele já fosse assim, só que ninguém percebeu, eu não percebi. Caio Fernando Abreu dizia, que, para passar agosto devíamos ter uma paixão, mesmo que inventada, mesmo que cortês. Acho que sem querer inventei uma, os jambeiros fortes que estão nas calçadas com suas folhas grandes brotando dos galhos que ficam o ano inteiro sem cor, esperando o agosto o colorir com frutas vermelhas e suas flores nascendo tão rosas quanto o meu vestido, se transformando em delíciosas frutas doces.


Alô, alô, alô papai, alô mamãe...

Deixei o blog um pouquinho de lado, mas não é por qualquer motivo, estou concentrada nos estudos para passar no bendito vestibular. E, se Deus quiser, escreverei aqui os sentimentos de uma futura acadêmica de Direito, ou de História, ou de Filosofia ou Engenheira de computação. HAHA.

Me desejem sorte.