sábado, 6 de junho de 2009

O Afogado.

– Não tenha medo — disse. – Eu te protegerei.
– Não tenho medo. E não preciso de tua proteção.
– O que há em ti que não compreendo?
– O que há em mim e não compreendes é o mesmo que há em ti, e tampouco compreendes.
Sorriu. Os dentes muito claros. Os olhos azuis. Punhalada de luz.
– Eles são capazes de tudo.
– Eu sei. Também eu sou capaz de tudo.
– Preciso descer. Não quero que morras.
– Também eu não quero que morras. Mas morreremos.

Caio F.

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