domingo, 11 de janeiro de 2009

Um videotape.


O acidente que esteve preste a acontecer se afastou; me dói, me chora, me sonha, me abraça. Você se doou tanto e pegou o trem, partiu - deixando-me sozinha. Velhos tempos em que me perdia na sua esquizofrenia, quando tomávamos café em um campo londrino ao céu laranja do fim da tarde, quando apreciávamos os quadros de Magritte ao som de Radiohead, quando a literatura fritava nossas mentes, quando os filmes de Woody Allen pareciam em sépia, quando iríamos pegar atalhos nos becos sujos e a chuva caía; tão melancólica quanto ao som do seu violão vintage, tão viva quanto a sua boina e meu batom vermelho, tão suave ao cair sobre meus cabelos não tão longos. Era encantado, era magia, era real... Antes de eu juntar as últimas flores e não ouvir suas batidas na serena madrugada com flash.
Elza del Castilo.

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