quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Ne me quitte pas...


''Não me deixe. Devemos esquecer, tudo pode ser esquecido, que já tenha passado. Esquecer os tempos dos mal-entendidos e os tempos perdidos tentando saber como esquecer as horas que as vezes mataram com sopros de porque o coração de felicidade.

Não me deixe. Eu vou te oferecer pérolas de chuva que vêm dos países onde não chove. Eu vou cavar a terra até a minha morte para cobrir teu corpo de ouro e luzes.

Eu farei uma terra onde o amor será rei. Onde o amor será lei. Onde tu serás rainha. Não me deixe.

Eu inventarei palavras sem sentido que tu compreenderás. Eu te falarei sobre os amantes que viram duplamente seus corações incendiarem-se.

Eu te contarei a história deste rei morto por não poder te reencontrar. Não me deixe.

Nós freqüentemente vemos renascer o fogo do vulcão antigo que pensamos estar velho demais. Nos é mostrado em terras que foram queimadas nascendo mais trigo do que no melhor abril. E quando vem a noite com um céu flamejante o vermelho e o negro não se casam. Não me deixe.

Não vou mais chorar. Eu não vou mais falar. Eu me esconderei lá para te contemplar a dançar e sorrir. E para te ouvir cantar e então rir.

Deixa que eu me torne a sombra da tua sombra, a sombra da tua mão, a sombra do teu cachorro. Não me deixe.''

(Ne me quitte pas - Maysa)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Huckabees – A Vida é uma Comédia.



Assistir na Tela Quente há umas semanas atrás um filme chamado: Huckabees - A Vida é uma Comédia. Adorei o filme, uma paródia cult. Excelente: emocionalmente e conceitualmente. Envolventes com tais assuntos: existencialismo, Magritte, surrealismo, filosofia , meio ambiente, sociedade, vida, niilismo, etc. Recomendo.

Sinopse:
Albert Markovski é um poeta de coração mole que decide contratar dois detetives, Bernard e Vivian, para investigar três coincidências que, segundo ele, podem ser o segredo da vida. A investigação logo envolve outros clientes da dupla, como o vulnerável bombeiro Tommy Corn, o executivo de vendas Brad Stand e a modelo Dawn Campbell, que está em crise de identidade. A situação se complica quando a sedutora Caterine Vauban, inimiga da dupla de detetive, passa a seduzir Albert e Tommy na intenção de que eles passem a ver a vida sob o seu ponto de vista.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Morning glory

Estou me sentindo inteiramente viva, felicidade instantânea. Não sei se ainda estou sobre efeitos dos calmantes, mas é uma sensação sem igual. São 06:36, esta manhã está muito linda. De repente me senti nos céus. Estou gostando de estar com o rosto na janela, estou gostando de cheirar isso, de sentir. O cheiro da manhã é adocicado como o algodão doce comprado no parque, é puro como o correr do vento batendo nas árvores e sua história, é tranqüilo como os Bem-te-vis cantando no final da tarde, é leve como o estar no balanço e sentir sua altura ao ser empurrado tão alto - e a temperatura da manhã, uma delícia com o sereno da pós-madrugada. A janela está bem aberta e essa penumbra refletida na minha cama me aconchega até a alma. O sol está pálido, nublado, dá para prevê que uma suave chuva logo cairá. Está tudo lindo como numa bela fotografia...
Elza del Castilo.



quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Radiohead.


Irei falar da banda mais fabulosa, mais linda que já houve, definitivamente foi o que me levou a fazer este blog – Radiohead.

Irá soar dramático se eu dizer que Radiohead mudou a minha vida, mas é verdade. Quando comecei a ouvi-los minha sensibilidade floresceu, minha paixão por arte brotou, minha concepção de vida; pessoas; amores; desejos; essências - mudou.
É a minha LSD, isso me preocupa. Não consigo escrever textos sem ouvi-los, é uma grande fonte de inspiração, minha criatividade é aguçada com a voz de Thom Yorke.

Cada melodia de Radiohead... Um desdobramento a dimensão, às minúsculas divisões panorâmicas do infinito são vistas como cores neon, destaca as pinceladas de Magritte, compreende as palavras de Sartre, compreende a mente de John Nash, ofusca os traços blasé da modelo Twiggy.

Como dizia um velho amigo: Não somos nós que escolhemos, Radiohead é quem escolhe quem irá ouvi-los.
Elza del Castilo

domingo, 11 de janeiro de 2009

Na ponta da agulha vejo anjos dançando.


Era abril, estava fazendo aniversário; as nuvens pareciam pintadas com os dedos em tinta óleo, o vento corria rápido, as mangueiras centenárias brotava mangas já maduras, sorrisos caminham nas calçadas ao sol – mas eu caminhava em um corredor estreito, longo, com a cor de branco morta e sentia um leve frio de dor bater nas minhas têmporas, um silêncio desesperador acompanhava o frio, gritos de choros distantes, era um corredor de hospital. Estive deitada em uma chapa de ferro tão fria que doía, meus olhos estiveram cegos com um forte foco de luz batendo em meu rosto, era uma sala com cheiro de flor crisântemo cheiro triste. Meu braço tão pálido sentiu a agulha penetrar nas minhas veias tão exposta, sentia o ardor do líquido me correr, vi meu sangue pingar no piso branco impecável, então lágrimas escorreram feito riachos na primavera; as vozes ficavam mais distantes, logo já não ouvia passos tensos, adormeci profundamente em um sonho febril, uma tragédia iminente.
Elza del Castilo.

Um videotape.


O acidente que esteve preste a acontecer se afastou; me dói, me chora, me sonha, me abraça. Você se doou tanto e pegou o trem, partiu - deixando-me sozinha. Velhos tempos em que me perdia na sua esquizofrenia, quando tomávamos café em um campo londrino ao céu laranja do fim da tarde, quando apreciávamos os quadros de Magritte ao som de Radiohead, quando a literatura fritava nossas mentes, quando os filmes de Woody Allen pareciam em sépia, quando iríamos pegar atalhos nos becos sujos e a chuva caía; tão melancólica quanto ao som do seu violão vintage, tão viva quanto a sua boina e meu batom vermelho, tão suave ao cair sobre meus cabelos não tão longos. Era encantado, era magia, era real... Antes de eu juntar as últimas flores e não ouvir suas batidas na serena madrugada com flash.
Elza del Castilo.